IMPOSTOS EM SÃO PAULO

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

MANIFESTO DOS MORADORES DA JURÉIA SP_parte 2

Caros Amigos, em primeiro lugar um feliz 2011! O Manifesto dos Moradores da Juréia foi muito bem sucedido. Por sorte e pelo extremo bom senso dos comandantes das forças policiais, presentes no manifesto, não ocorreu nenhuma violência.Mas não podemos deixar de dar um depoimento que em toda a história da Juréia nunca houve uma ação tão ostensiva de alguns Vários dos manifestantes foram abordados por alguns policiais os quais pediam os documentos para fazer um Boletim de Ocorrência, causando um momento de tensão, só houve uma pausa quando da interferência do comando do policiamento. SOMOS EXTRATIVISTAS!
 AGRICULTORES,COMUNIDADES TRADICIONAIS NÃO SOMOS BANDIDOS!!!
A presença do comando com certeza evitou cenas de conseqüências imprevisíveis, mas podemos claramente acusar uma política de meio ambiente equivocada do Governo do Estado de SP. MEIO AMBIENTE É VIDA NÃO VIOLÊNCIA, REPRESSÃO. O Governo, com esta atitude, na contra mão dos processos de democracia participativa, construídos nesses 30 anos, nos fez sentir a mais profunda indignação semelhante a que sentíamos durante as manifestações durante a Ditadura brasileira.O manifesto transcorreu em ordem com os moradores abordando os carros e explicando a razão do manifesto.A comunidade, durante o manifesto,  reclamou da presença de uma empresa de Turismo com tres veículos sendo que 90 (um terço) de todos os visitantes diários (270) é transportado pela empresa ECOTUR . Esta empresa divulga nos jornais locais e realiza visitas com turistas em toda a Juréia. 
Enquanto a comunidade fica com os outros 180 visitantes atendidos sob as regras da Fundação Florestal. Isto é ilegal e socialmente injusto! Obrigado pela atenção e vamos esperar pelo próximo governo, torcendo que os processos sustentabilidade sócio ambientais e principalmente, os da democracia participativa, conquistada pela sociedade brasileira sejam valorizados e incentivados.
União dos Moradores da Juréia -UMJ
Dauro presidente –tel 13 8145 6662
Adriana- Vice presidente tel 13 9775 2903
Arnaldo tel 13 9707 5651 membro do Conselho de Representantes

COMENTÁRIOS: 
Ju disse...O Governo do Estado atua como violador de direitos humanos e promove o racismo ambiental. Ações que desconsideram a perspectiva das comunidades e que afastam a função social da terra são responsáveis pelos conflitos sócio-ambientais...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A NOSSA SOBREVIVÊNCIA : Quando tudo no entorno começa a morrer nossa vida está ameaçada

Por Fábio de Castro Agência FAPESPUma série de estudos realizados na Mata Atlântica indica que a defaunação – perda de mamíferos e aves devido à caça –, ao modificar as forças seletivas, pode desencadear rápidas mudanças evolucionárias. As pesquisas demonstraram que o processo gera novos impedimentos ecológicos para a população de plantas, afetando sua demografia ao aumentar a predação de sementes.Os estudos estão relacionados ao Projeto Temático “Efeitos de um gradiente de defaunação na herbivoria, predação e dispersão de sementes: uma perspectiva na Mata Atlântica”, financiado pela FAPESP e coordenado por Mauro Galetti, professor do Instituto de Biociências de Rio Claro da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Galetti, que pesquisa o tema há cerca de 20 anos, apresentou alguns dos resultados do Projeto Temático durante a conferência internacional Getting Post 2010 – Biodiversity Targets Right realizada este mês pelo Programa Biota-FAPESP em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). De acordo com Galetti, o Brasil tem 35% das espécies ameaçadas de mamíferos no mundo. A perda de habitat e a fragmentação da floresta são os principais fatores de ameaça, mas metade das espécies sofre com a caça. O tamanho do corpo é um dos preditores de ameaça de extinção. Segundo o cientista, a escala de defaunação é gigantesca em todo o mundo, chegando a 20 milhões de animais mortos por ano em regiões como a África central. “Verificamos que na Mata Atlântica do Estado de São Paulo há muita caça também. Um de nossos mestrandos entrevistou caçadores por um ano no Parque Estadual da Serra do Mar e constatou que 96 mamíferos haviam sido abatidos”,disse Galetti. É um número alto, considerando as características da região, segundo ele. Em um Projeto Temático anterior coordenado por Galetti, sobre a conservação de grandes mamíferos, os dados da Mata Atlântica foram comparados com os da Amazônia, indicando a abundância no número de espécies de mamíferos no primeiro bioma. A abundância de mamíferos na floresta contínua com pouca caça na Mata Atlântica é muito maior do que em locais com caça. No caso da queixada (Tayassu pecari), por exemplo, a abundância é 30 vezes menor em áreas com caça. Os mamíferos são responsáveis por pelo menos 30% da dispersão das cerca de 2,5 mil espécies de plantas na Mata Atlântica. Mas isso corresponde a um processo complexo que envolve os efeitos da presença de animais de diversos tamanhos com inúmeras relações com as espécies vegetais. “Desenvolvemos um modelo de redução de megaherbívoros para estudar esses efeitos. Conforme aumentamos a perturbação no modelo, as populações de grandes mamíferos entraram em colapso. Mas, por outro lado, as populações de mamíferos de médio porte chegam a aumentar em áreas perturbadas”, disse. O modelo, segundo ele, aponta um aumento quase linear na abundância de roedores quando há uma perturbação que leva as populações de grandes mamíferos ao colapso. “Esse modelo já foi testado experimentalmente na savana africana, na observação da abundância de ratos em áreas com e sem elefantes. Quando não há elefantes, a população de ratos aumenta muito”, contou. Na savana africana, no entanto, há apenas um roedor. Na floresta tropical, com diversidade muito maior de pequenos mamíferos, os processos são mais complexos. O grupo de Galetti realizou um estudo comparando a abundância de pequenos mamíferos em duas áreas separadas por uma distância de 15 quilômetros. Ambas apresentavam uma diferença considerável quanto à biomassa de mamíferos. “A riqueza de espécies nas duas áreas era exatamente igual. Mas há uma estrada que passa entre as duas áreas e, de um lado, o ambiente é dominado por queixadas, enquanto do outro lado predominam os esquilos. Com exceção dessa característica, que resulta em uma diferença na biomassa dos mamíferos, as populações de animais nas duas são muito semelhantes”, explicou. Duas tecnologias foram usadas para avaliar os mamíferos: as armadilhas de interceptação e queda conhecidas como pitfall traps e as armadilhas do tipo live trap. A primeira mostrou mais eficiência para registrar as diferenças na abundância dos animais. “Avaliamos se a diferença de abundância das duas espécies nas duas áreas poderia ser decorrência da abundância de cobras, mesopredadores, limitação de recursos e de microhabitat. Mas tudo isso foi rejeitado como hipótese alternativa. A hipótese que estamos aceitando é que a presença da queixada afeta a abundância de pequenos roedores”, disse Galetti. Dispersão modificada De acordo com o coordenador do Projeto Temático, espera-se que a predação de sementes seja maior em uma floresta com mais presença de roedores. “Testamos isso em um estudo com a palmeira Euterpe edulis, que é usada na produção de palmito. Ela tem suas sementes predadas por aves e muitas espécies de mamíferos. Escolhemos quatro áreas sem queixadas e três com queixadas para fazer o estudo”, contou Galetti. Os pesquisadores instalaram, nas áreas escolhidas, câmeras que permitem calcular o número de sementes predadas. “Nas áreas defaunadas, sem as queixadas, a predação de sementes por roedores cresce consideravelmente. Nos fragmentos defaunados só os roedores predam as sementes da palmeira, mas a proporção dessa predação é aumentada em seis vezes”, disse. Além do aumento na predação, as áreas defaunadas sofrem com maior dificuldade de dispersão das sementes, que é feita principalmente por animais que as ingerem e as regurgitam em outras partes da floresta. Em áreas não defaunadas, segundo Galetti, o maior dispersor das sementes do palmito é o tucano. Quando a área é defaunada, o maior dispersor são aves do gênero Turdus, que inclui o sabiá. O problema é que sua capacidade de dispersão não é a mesma, pois trata-se de uma ave sete vezes menor que o tucano. “As aves grandes consomem sementes maiores. Testamos isso com aves em cativeiro. Na área defaunada, há uma redução do tamanho das sementes dispersas. As plântulas que se originam das sementes grandes têm mais vigor e podem sobreviver mesmo depois de ser parcialmente predadas”, disse. Os estudos mostraram também que, nas áreas defaunadas, as sementes maiores apresentam maior chance de escapar da predação, devido à ausência de predadores de médio e grande porte. “Sementes menores sofrem maior pressão de predação”, disse Galetti.
Roseli B. Torres
Núcleo de P & D Jardim Botânico
Herbário IAC
Av. Barão de Itapura, 1481 - Guanabara
13020-902 - Campinas - SP - Brasil
tel. 55 (19) 3202 1811
rbtorres@iac.sp.gov.br

CARTA DE IGUAPE
Iguape 28 de dezembro de 2010
Caros amigos,encaminhamos convite para a manifestação da União dos Moradores da Juréia- UMJ em apoio à comunidade do Utinga Grande (Estação Ecológica da Juréia-SP)
LOCAL: ENTRADA DA ESTRADA PARA O GUARAÚ (FOLHA) PERUÍBE -SP
DATA : 29 DE DEZEMBRO DE 2010 (amanhã)
HORÁRIO: 07 hs 30 min
Justificativa
Pressionado por uma ação do Ministério Público, baixou a Portaria normativa FF nº 144/2010. que foi comunicada às comunidades em dezembro, (A ação do MP teve sentença no mês de setembro, havia tempo suficiente para varias discussões sobre o assunto).A Portaria foi criada sem bases, que impede e limita o corriqueiro acesso dos turistas à comunidade do Utinga Grande. Os comunitários se preparam durante o ano para receber os turistas neste final de ano e poder conseguir algum recurso.Todo seu esforço na compra de alimentação, etc será jogado no lixo.
A UMJ tentou por várias vezes uma conversa com o Diretor da Fundação Florestal, sem sucesso. (conforme anexo) Realmente parece uma PIADA o Estado não conseguiu cumprir sua função; preservar a Estação Ecológica da Juréia, e pior, levou a exclusão social todas as comunidades que vivem dentro dos limites da reserva, gerando medo, insegurança  e forçando as comunidades a migrarem para as periferias das cidades causando mais transtornos sociais.Os moradores da Juréia são agricultores, extrativistas, comunidades tradicionais que não receberam nenhum apoio ou ressarcimento pelos anos de impedimento de suas atividades e perseguição exercida das pelo Governo de SP nestes 25 anos de gestão PSDB sobre a ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA  JURÉIA.Trata-se de outro episódio deste Governo Estadual que demonstra completa ignorância aos processos de democracia participativa que este país esta vivendo.Por fim neste momento mundial de confraternização o Estado de São Paulo, representado neste ato pela Fundação Florestal do Estado, resolve no calar da noite impor uma portaria sem nenhuma discussão anterior. Atos como esse caracterizam estados tecnocratas, as ditaduras onde o ser humano, principalmente os excluídos são meros números estatísticos.BASTA NA POLÍTICA AMBIENTAL PAULISTA QUE CRIMINALIZA O AGRICULTOR, O PESCADOR E AS COMUNIDADES TRADICIONAIS.
PS. Nestes vinte e cinco anos de luta dos moradores da Juréia pela reclassificação da reserva para todas as comunidades. Realizamos dezenas de manifestos nunca houve um confronto com a polícia. É de responsabilidade deste Governo caso haja algum incidente de violência. Arnaldo das Neves Conselho de Representantes da União dos Moradores da Juréia- UMJ
 MEMÓRIA DO BLOG PÓS COP 16:
http://transnet.ning.com/profiles/blog/show?id=2018942%3ABlogPost%3A65662&xgs=1
xg_source=msg_share_post (copie e cole na barra de seu navegador)
SOBREVIVÊNCIA NECESSÁRIA
 http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/jacares+urbanos+dividem+espaco+com+a+populacao+em+manaus/n1237934289753.html
COPIE COLE NA BARRA SUPERIOR DE SUA INTERNET

Grupo de Sensibilização e observação NAS CAVERNAS DO PETTAR-SP 2007

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ATLAS TRAÇA FUTURO DO MEIO AMBIENTE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

Mapa combina 200 imagens de satélites com base de dados para mostrar impactos de danos à natureza na região.              Rádio ONU Manaus: impacto ambiental
Por Monica Villela Grayley - Rádio ONU
Um novo Atlas produzido pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, Pnuma, destaca as principais mudanças climáticas e geográficas que estão ocorrendo na América Latina e Caribe. O mapa funciona como uma importante ferramenta para futuras medidas e políticas públicas, necessárias para um desenvolvimento mais sustentável na região. As imagens mostram a riqueza e diversidade do meio ambiente, ecossistemas, espécies e paisagens. Mas o Atlas também revela a pressão resultante dos modelos de desenvolvimento atuais.Apesar do crescimento econômico, o estudo mostra que esses modelos provocaram um impacto significativo na sociedade e no meio ambiente. As mais de 200 imagens de satélite, mapas e gráficos revelam claramente os efeitos da rápida urbanização atual, como no caso de San José, na Costa Rica. Os impactos das mudanças climáticas podem ser percebidos nas geleiras chilenas e argentinas da Patagônia. Já a devastação é evidente em países como Brasil, Bolívia, México, Guatemala e Haiti. Os efeitos das atividades de mineração são ilustrados em imagens de La Guajira, na Colômbia e Cerro de Pasco, no Peru. Imagens de alta resolução também mostram os estragos causados por desastres naturais, como o terremoto ocorrido no Haiti, em janeiro de 2010. O novo Atlas revela que o meio ambiente na América Latina e Caribe está se deteriorando. Além do desmatamento e urbanização descontrolada, a região também está perdendo a biodiversidade.
Para checar as imagens acesse: http://www.cathalac.org/lac_atlas/
Rádio ONU, parceira da EcoAgência e veja também:COP-16: Com o impasse de Cancún, cientistas abandonam a ilusão de um aquecimento global moderado
http://transnet.ning.com/profiles/blogs/cop16-com-o-impasse-de-cancun
 
MEMÓRIA DO BLOG

Rosecler Ravache(a esq) ,
 técnica de Atletismo,
Vanderlei
(Presidente do CEPE, campeão
PAROLÍMPICO BRASILEIRO DE
NATAÇÃO)
e Ana Teixeira técnica do
Raposas do Sul
Foto Samuel Lorenzetti

Em sete de outubro de 2010,convidamos através da postagem,  UMA VOTAÇÃO BEM (D)EFICIENTE PELA EXCELÊNCIA NO ESPORTE sua participação nesta atividade inclusiva.  Valeu muito o seu apoio!  Resultado SURPREENDENTE !!!  Concorrendo pela excelência no Esporte, em diversas categorias, o terceiro colocado foi o CLUBE CEPE - SC (Esporte Adaptado)   Na categoria  de melhor técnica(o),  ANA MARIA F.TEIXEIRA, do RAPOSAS DO SUL - CEPE (Basquete em Cadeira de Rodas) . Conseguiram chegar a finalíssima concorrendo com times e clubes da primeira divisão - como o FIGUEIRENSE  - RS (clube de futebol ) e ganhador do prêmio. Um terceiro lugar soa como uma grande superação. COMO UMA GRANDE VITÓRIA! OBRIGADA A TODOS em nome do CLUBE CEPE e dos atletas paradesportivos!!!!!! Parabéns ao técnico do Clube Figueirense - Marcio Goiano - pela conquista Visite site: http://www.cepe.esp.br/

Momento em que o Pró Reitor de
Extenção, da UNICAMP, Mohamed Habib
recebe o Presidente do CEPE,
Vanderlei Quintino
Foto de Samuel Lorenzetti
nov.2010

Ministro dos Esportes na abertura do Congresso Paraolímpico na UNICAMP-SP em novembro de 2010
Foto Samuel Lorenzetti

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O QUE É AUDIODESCRIÇÃO? Vale a pena entender os avanços da EDUCOMUNICAÇÃO através das linguagens que fazem A DIFERENÇA - click no título

Lívia Maria Villela de Mello Motta *.
O Que É Audiodescrição.
A audiodescrição é um recurso de acessibilidade que permite que as pessoas com deficiência visual possam assistir e entender melhor filmes, peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas e outros, ouvindo o que pode ser visto. É a arte de transformar aquilo que é visto no que é ouvido, o que abre muitas janelas do mundo para as pessoas com deficiência visual.
O que a Audiodescrição Possibilita?
Com este recurso é possível conhecer cenários, figurinos, expressões faciais, linguagem corporal, entrada e saída de personagens de cena, bem como outros tipos de ação, utilizados em televisão, cinema, teatro, museus e exposições.
Desta forma, as pessoas com deficiência visual poderão freqüentar sessões de cinema, ir ao teatro e a outros espetáculos, visitar museus, exposições e mostras, atividades que, geralmente, não fazem parte do cotidiano destas pessoas; em primeiro lugar porque são artes que exploram os recursos visuais tanto na cenografia como na caracterização dos personagens e da época. Em segundo, porque a sociedade, em geral, impede o acesso das pessoas com deficiência a determinados espaços, confinando-as a conviver com seus pares em espaços especialmente destinados a elas, como as escolas especiais.Ainda é pequeno o número de ações que visam possibilitar o acesso das pessoas com deficiência a todas as atividades da vida diária, incluindo aqui as atividades sociais e culturais.
A Audiodescrição Informal.
A audiodescrição traz a formalidade para algo que era, anteriormente, feito informalmente, graças à sensibilidade e boa vontade de alguns. Isso acontece e acontecia quando as pessoas com deficiência visual, mais curiosas, começavam a fazer perguntas, tirar dúvidas, durante o filme, peças de teatro e outros tipos de espetáculo.Entretanto, nem todas as pessoas que os acompanham estão preparadas para prestar esse tipo de serviço, e, além disso, essas pessoas também querem assistir o filme ou espetáculo e, ter que dar informações adicionais, pode fazer com que a pessoa perca o fio da meada, deixe de entender determinadas coisas e cenas. 

A História da Audiodescrição.
Como uma atividade formal, ligada às artes visuais e ao entretenimento, entretanto, a audiodescrição é algo bem mais recente, tendo início nos anos 80 nos Estados Unidos e Inglaterra.
Audiodescrição no Teatro - Estados Unidos e Inglaterra.Nos Estados Unidos, teve início em 1981, em Washington DC, no Arena Stage Theater, como resultado do trabalho de Margaret e Cody Pfanstiehl. Eles fundaram um serviço de audiodescrição que promoveu a descrição de peças de teatro e, até o final dos anos 80, mas de 50 casas de espetáculo já tinham em sua programação algumas apresentações com descrição.Na Inglaterra, essa prática data também dos anos 80, tendo início em um pequeno teatro chamado Robin Hood, em Averham, Nottinghamshire, onde as primeiras peças foram narradas. Um dos mantenedores do teatro, Norman King, ficou tão impressionado com os benefícios das descrições, que incentivou a Companhia de Teatro Real of Windsor a introduzir esse serviço em uma abrangência maior. Instalaram, então, o equipamento para a transmissão simultânea para a audiência no Teatro Real, em fevereiro de 1988, com a peça "Stepping Out". Hoje, há 40 teatros no Reino Unido que oferecem, regularmente, apresentações com audiodescrição. É o país líder nesse setor, seguido pela França, com 5 teatros.
Audiodescrição no Teatro no Brasil.
No Brasil, a primeira peça comercial a contar com o recurso de audiodescrição foi "O Andaime", no Teatro Vivo, em março 2007. A segunda peça com audiodescrição, "A Graça da Vida", estreou em junho do mesmo ano, também no Teatro Vivo. O teatro dispõe de aparelhos de tradução simultânea e a audiodescrição é feita pelos voluntários do Instituto Vivo.
Audiodescrição na Natureza - Grupo Terra.

O projeto de inclusão cultural, que deu origem a este trabalho, foi elaborado por mim e por Isabela Abreu, ambas integrantes do Grupo Terra, ONG cujo objetivo é a inclusão social das pessoas com deficiência visual, pelo contato com a natureza. Foi nas atividades promovidas pelo Grupo Terra, passeios para lugares de extrema beleza, com estreito contato com a natureza, que pudemos perceber a necessidade de descrever as paisagens para as pessoas com deficiência visual, podendo, então, constatar a importância da descrição para uma participação mais plena nas atividades sociais e culturais, enfatizando o seu uso como prática nos passeios.
Audiodescrição no Cinema.
Também o cinema vem se beneficiando com a audiodescrição em vários países europeus. No Reino Unido, Chapter Arts Center, em Cardiff, foi o primeiro a fazer uso do recurso com tradutores ao vivo. Na França, a Fundação Valentin Haüy também começou a oferecer esses serviços. Na Europa e nos Estados Unidos, já são muitos os filmes que contam com o recurso.
Audiodescrição no Cinema - Brasil.
No Brasil, o primeiro filme, no circuito comercial, com audiodescrição foi "Irmãos de Fé", do Padre Marcelo, lançado em 2005. Outras iniciativas têm sido feitas, como o Clube do Silêncio, em Porto Alegre, que produziu alguns filmes curta-metragem com audiodescrição, além de trabalhos de pesquisadores, como a professora Dra. Eliana Franco, da Universidade Federal da Bahia, e o professor Dr. Francisco Lima, da Universidade Federal de Pernambuco. Ambos têm feito trabalhos importantes sobre a audiodescrição, sendo que a primeira com filmes e o segundo com mapas e recursos didáticos.Também o festival internacional de filmes sobre deficiência, o Festival Assim Vivemos , produzido por Lara Pozzobon, que acontece no Rio de Janeiro e em Brasília, nas salas do CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil - oferece acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva em todos os filmes desde 2003. Graciela Pozzobon, atriz, é responsável pela audiodescrição em todos os filmes do festival.
Audiodescrição na Televisão.
Na televisão, o primeiro episódio envolvendo a audiodescrição aconteceu em 1983, na rede japonesa NTV. Nos anos 80, algumas experiências também foram feitas na Espanha, mas foi nos Estados Unidos que a audiodescrição decolou com programação produzida desde 1990 pela Media Access Group, o Descriptive Video Service.Esse serviço é patrocinado por doações e fundações, produzindo cerca de 6 a 10 horas de programação com audiodescrição por semana, que fica disponível em 50% das residências nos Estados Unidos. Estas transmissões são possíveis devido à presença de um canal secundário de áudio, a tecla SAP (secondary audio programme).
Novas Tecnologias.

A evolução da televisão digital e outras tecnologias do gênero mudarão o modo como as pessoas irão acessar a informação. À medida que as tecnologias vão abrindo novas portas, outras poderão se fechar para as pessoas cegas e com baixa visão, caso não sejam dados passos que assegurem meios alternativos de navegação e acessibilidade nesse novo ambiente.A figura do telespectador passivo está fadada a desaparecer. Em breve a televisão disponibilizará serviços interativos educacionais, comerciais, e de entretenimento para lares, salas de aula, locais de trabalho e a acessibilidade para todos é um fator que precisa ser levado em consideração.
Audiodescrição, Audiodescritores e Técnicas.
Os audiodescritores precisam de um curso de formação específico sobre o recurso que contemple informações sobre a deficiência visual, definição, histórico e princípios da audiodescrição, noções de sumarização e, principalmente, atividades práticas. Precisam, também, assistir a peça, filme ou espetáculo algumas vezes, antes de fazer a audiodescrição, para se familiarizar com o tema, personagens, figurino, vocabulário específico, autor e cenários.Outro aspecto importante é a elaboração de script para audiodescrição; um roteiro com tudo o que será inserido entre os diálogos, que, no teatro, costuma ser aprovado pelo diretor da peça, o qual verifica a coerência e fidelidade ao tema e linguagem da obra. As informações sobre as cenas não podem expressar opiniões pessoais do audiodescritor. É, portanto, um trabalho minucioso que exige tempo, dedicação, objetividade e, acima de tudo, preparação.O feedback das pessoas com deficiência visual que já experimentaram o recurso comprova a sua utilidade e eficácia - há um aumento significativo do entendimento, o que contribui para a inclusão social e cultural destas pessoas, ampliando, e muito, suas opções de lazer e cultura.
REFERÊNCIAS:
- CLARK, J. Accessibility options for blind and visually-impaired subscribers. 2002. Media Access. Toronto.
- FRANCO, E. P. C. Legenda e áudio-descrição na televisão garantem acessibilidade a deficientes. Cienc. Cult. [online]. Jan./Mar. 2006, vol.58, no.1 p.12-13.
- NAVARRETE, J. Seminario sobre Medios de Comunicación sin Barreras: Sistema Audesk: el fin de los susurros. 2005 - Universidad Cardenal Herrera-CEU. Facultad de Ciencias Sociales y Jurídicas. Valencia. ES.
- SNYDER, J. Audiodescription: access for all. In Disability World. Issue no. 25 September-November 2004.

* Lívia Maria Villela de Mello Motta tem mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997) com foco na formação reflexiva de professores de inglês.
* doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), com trabalho sobre o ensino-aprendizagem de inglês para alunos cegos e com baixa visão.
* Tem experiência na área de formação de professores e coordenadores, atuando principalmente com os seguintes temas: ensino-aprendizagem, ensino-aprendizagem de inglês, inclusão escolar, inclusão cultural e inclusão no mercado de trabalho de pessoas com deficiência.


MEMÓRIA DO BLOG
Vale a pena conferir o BLOG :http://infoativodefnet.blogspot.com/  Reflexões amplas sobre deficiencias, Ecosofia,cinema e outros olhares.
COPIE E COLE O ENEDEREÇO OU VEJA NA COLUNA DOS BLOGS QUE ACOMPANHAMOS

ENCERRANDO A COP 16 - TENTATIVA DE APROVAR NOSSO CÓDIGO FLORESTAL COM URGENCIA GERA PROTESTOS

A tentativa de votar alterações no Código Florestal com urgência no Brasil ecoou em Cancún, durante a COP-16, Conferência do Clima. Além dos brasileiros presentes no evento se mostrarem contra a rápida aprovação, protestos de ONGs também chamaram atenção para o assunto.O jornal ECO, panfleto que circula pela COP e é feito por ONGs, criticou as alterações do código. Já o Greenpeace estendeu cartazes de protestos e trouxe um papai-noel que distribuiu mudas árvores para os participantes e dizia “Mudar o Código Florestal = Um Natal sem árvores”. Reportagem de Lilian Ferreira, do UOL Ciência e Saúde, em Cancún, (México)A ONG entregou ainda o prêmio “Motosserra de Ouro” para a senadora Kátia Abreu, “por sua defesa ferrenha de mudanças no Código Florestal, em prol de mais desmatamentos no Brasil”, de acordo com a organização.Abreu é a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e veio à COP para divulgar a ideia de que os fazendeiros brasileiros querem produzir sem desmatar a Amazônia e outros biomas.As alterações no Código Florestal, defendidas pela senadora, diminuiriam as áreas de preservação ambiental nas propriedades privadas e dariam anistia aos desmatadores, entre outras propostas.“A presidente Dilma Rousseff já afirmou que veta estas determinações se elas passarem pelo Congresso. A anistia dá a idéia de que quem cumpriu a lei é otário e para quem fez barbaridades está tudo bem. Não vejo como elas prosperarem”, explicou Carlos Minc, deputado estadual do Rio de Janeiro e ex-ministro do Meio Ambiente.A atual ministra, Izabella Teixeira, também se mostrou contrária à aprovação em urgência do Código. “A proposta ainda não está madura para ser votada e causa impacto negativo.O Brasil tem condições de atualizar o código. A posição do governo é avançar nas discussões até chegar a um texto que atenda a todos os segmentos da sociedade”.A senadora Marina Silva, outra ex-ministra do Meio Ambiente, disse que o código não pode ser aprovado como está. “Mostraria uma posição esquizofrênica do Brasil. Para fora (para os estrangeiros) se mostra avançado, e para dentro é refratário”.Segundo estudo do Observatório do Clima, se aprovadas, as alterações provocariam a emissão de 25,5 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa em cerca de uma década, mais de 13 vezes o total do que o Brasil lançou em 2007. Isto colocaria a perder a meta brasileira de redução das emissões de 36% a 39% até 2020 sobre o que seria emitido se nada fosse feito.
EcoDebate, 09/12/2010
Tentativa de votar Código Florestal com urgência gera protestos na COP-16
Publicado em dezembro 9, 2010 by HC

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DIA INTERNACIONAL DE COMBATE A AIDS: 2010 -click na Imagem


AFRICA (foto Bienal - SP)


Fotos tiradas pelo celular
BIENAL DE S.PAULO 2010








No mundo há mais de 33 milhões de pessoas contaminadas pelo virus HIV


No Brasil a maioria são mulheres recém casadas
Hoje é o dia INTERNACIONAL DE COMBATE A AIDS
(foto Bienal de SP-)


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

AS UNIVERSIDADES DA VIDA E A COP 16

Começou em Jaguariúna o CURSO MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE. Seu segundo módulo foi dia 4 de dezembro. Penso que é uma experiência muito válida.Deve reorganizar os antigos protagonistas da área do pensamento,embora ainda esteja numa fase de encantamento. O problema ambiental é seríssima e não pode ficar fechado num único território.A ousadia deve ser perseguida de maneira contundente. Neste último pleito - eleições 2010 - esta questão ficou naufragada sem lideranças de peso do Movimento Social comprometidos e questionando seriamente esta questão . Houve uma manifestação forte da sociedade e que levou o pleito ao segundo turno. DE QUANTAS FOMES E DE QUANTAS GUERRAS falávamos? Perderam se no último momento da disputa. Questões de credos religiosos  foram a relevância. Acusações e um baixo nível de discussões reais de projeto político não se evidenciaram. Torço para que seja possível uma educação popular que transcenda o pensamento atual. A COP 16 acabou. Lembrando que ela se deu em CANCÚN, (México).Um dos grandes enigmas do desaparecimento das civilizações, extremamente desenvolidas, da península de Yucatán é: O QUE TERÁ ACONTECIDO? Uma das respostas foi a escassez de alimentos por mudanças drásticas do clima. Se continuarmos neste  passo e nesta incredulidade veremos os mais de 200 milhões de seres humanos, vítimas das mudanças climáticas atuais, migrarem pelo planeta sem rumo.... Será o tempo das PESTES E DAS GUERRAS mais intensas ainda.Odila Fonseca
 
http://www.jaguariuna.sp.gov.br/inscricao_uniangatu.php
 COMENTÁRIOS
 Claudinha disse:claudia lulkin "AS UNIVERSIDADES DA VIDA":
Mas que maravilha ler isso!!!! A internet acaba nos revelando as sincronias "da hora". Temos conversado sobre as UNIVERSIDADEs LIVRES-Populares-Públicas ou que se reforce a idéia e prática dos PONTOS DE CULTURA - lugares públicos- DO POVO, onde "rolam" os conhecimentos, os saberes, as vivências..`. Tenho assistido às TVs Públicas- TV Justiça, TV Brasil, algumas comunitárias...INCRÍVEL o que é esse BRASIL do POVO!!!! Pelo Brasil do POVO! ahô e agradecendo sua presença em meu blog....que isso se torne relação "tete-a-tete", olho no olho e abraço carinhoso. claudinhaV   UM EXEMPLO DE UNIVERSIDADE POPULAR
"ASSEMBLÉIA DO POVO" Movimento Popular nascido em oposição a política de migração do campo para a  cidade. Campinas-SP foi um dos POLOS DE ATRAÇÃO desta migração, PLANEJADA pelo então Ministro Delfim Neto e  Miltares - sendo  Golbery do Couto e Silva um deles. (http://www.espacoacademico.com.br/070/70assuncao.htm).
  Na ocasião produzimos a primeira cartilha baseada no pensamento de Paulo Freire, chamada ,"SAÚDE É VIDA" que contou com a colaboração do Médico Sanitarista Emerson Merhy-
militante do Movimento Sanitário - e Donizetti Marcolino - Favelado e artista - ilustrador dos Boletins da OPOSIÇÂO SINDICAL METALURGICA em Campinas e Odila Fonseca
ASSISTA AOS FILMES AQUI EM "CINEMA NO BLOG":
A ORIGEM: 
ASSEMBLÉIA DO POVO PARTE I
http://www.youtube.com/watch?v=1djfNRfll_k&feature=player_embedded 
ASSEMBLÉIA DO POVO - 30 ANOS DEPOIS - PARTE II 
http://www.youtube.com/watch?v=4UyiQHstFRI&feature=player_embedded

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DAS HISTÓRIAS INFANTIS: MONTEIRO LOBATO MAIS UMA VEZ CENSURADO PELO ESTADO? -click aqui no título

Desde o Estado Novo, Monteiro Lobato é censurado ! A Emília, bonequinha nem um pouco Barbie, aventura se com os personagens do SÍTIO DO PICAPAU AMARELO por ambientes inusitados...vindos desde a MITOLOGIA GREGA até o cotidiano do Sítio. Eu era incentivada por meus pais a ler. Gostávamos de conversar sobre estas aventuras.É uma pena que, a Educação no Brasil, tenha tanto medo do DEBATE ou da exposição na dificuldade que adultos ( incluindo professores e pais) tem com a imaginação fértil e instigante das crianças.Sugiro que todos nós paremos para pensar no significado destas medidas do Governo Federal. A postagem do dia 3 de novembro de 2010 do BLOG PAIDÉIA VIRTUAL merece ser lido e avaliado (click no título acima)http://paideiavirtual.blogspot.com/
e veja o artigo de Marisa Lajolo no final da postagem deste BLOG)
Comentários pela IMPRENSA:
30/10/2010 1
CNE quer que Monteiro Lobato com trechos racistas tenha nova edição  Parecer diz que é preciso contextualizar racismo em 'Caçadas de Pedrinho'. Conselho sugere exclusão de livros semelhantes em programas do governo.
05/11/2010 http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/11/livro-de-monteiro-lobato-e-liberado-para-ser-usado-em-sala-de-aula.html   
Polêmica de racismo ronda livro de Monteiro Lobato  
Especialistas levantarama questão e MEC foi analisar se a obra 'Caçadas de Pedrinho' pode ser proibida de ser usada em escolas
Citações à personagem Tia Anastácia no livro 'Caçadas de Pedrinho', de Monteiro Lobato, foram consideradas racistas por especialistas. O Ministério da Educação estuda a proibição da obras nas escolas. A professora aposentada da Unicamp, Marisa Lajolo, é contra a advertência sobre o racismo do livro. Já Francisco Cordão, da CNE, diz que as escolas devem trabalhar o assunto.
 http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1628408-17665-309,00.html 

Todas as Vidas  de Cora Coralina ( Ainda não censurada)
Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo. Benze quebranto.Bota feitiço... Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano.Trouxa de roupa, pedra de anil.Sua coroa verde de São-caetano. Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola.Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha.Cozinha antigatoda pretinha. Bem cacheada de picumã.Pedra pontuda.Cumbuco de coco. Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada,sem preconceitos,de casca-grossa,de chinelinha, e filharada. Vive dentro de mim a mulher roceira. -Enxerto de terra,Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão.Bem parideira.Bem criadeira.Seus doze filhos, Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada...Fingindo ser alegre seu triste fado. Todas as vidas dentro de mim: 

Na minha vida - a vida mera das obscuras!
NEGRINHA ( CONTO DE MONTEIRO LOBATO)
Negrinha é um conto de Monteiro Lobato, escrito pela primeira vez em 1920, cuja temática é, ainda, atual. O conto retrata, através da visão do autor, as vicissitudes da vida de uma órfã negra. Nascida na senzala, de mãe escravizada. A personagem passa pelas agruras de viver seus primeiros anos de vida em cantos escuros, sobre velha esteira e trapos imundos. Era escondida porque a patroa não gostava de crianças. A patroa é uma senhora viuva, sem filhos, de virtudes cristãs, envolvida com questões comezinhas e a desopilar sua ira sobre a criança  que não tinha.  Não perdoava o choro da criança. Saia com impropérios impublicaveis longo que o ouvia. Negrinha cresceu sem infância, magra, atrofiada. Sempre assustada. Apanhava de todos(as) e por qualquer motivo. Não brincava, vivia sentada em um canto. Sua única diversão era ouvir o relógio cuco bater as horas. Sem palavras de carinho, era achincalhada com termos como: Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, mosca morta, sujeira, cachorrinha, coisa ruim, lixo, etc. Até de bubônica fora apelidada. Contudo, tendo gostado de tal epíteto suprimiram-no. Não lhe era dado nem esse gosto. Inácia, a patroa, era mestra na arte de maltratar. Aplica em Negrinha beliscões e cróques como derivativo para amainar sua revolta contra o que entendia como usurpação: o direito de continuar a ter pessoas escravizadas sobre seu jugo – devido a abolição.  Via-se como uma benfeitora por criar Negrinha - órfã. No entanto, tortura Negrinha com ovo quente na boca. Negrinha, não tinha nome era negrinha. Não brincava, logo não conhecia boneca. Certa vez Inácia recebeu a visita de duas sobrinhas que mostraram a aturdida criança uma boneca de cabelos amarelos, que falava e dormia. Extasiada, Negrinha, esquecendo dos possíveis castigos procurou compartilhar daquele momento mágico – sem, contudo toca-la.Apiedando-se Inácia permite que ela compartilhe com as hospedes. A partir deste momento Negrinha começa a perceber o significado do que é brincar. Descobre-se como ser humano. Deixa de ser coisa. Entristece e morre delirando com bonecas, todas louras, de olhos azuis
.Crítica
Monteiro Lobato é considerado um dos maiores escritores de literatura infantil e Infanto-Juvenil tendo suas obras traduzidas em várias línguas. Um de seus clássicos é o Sítio do Pica-pau Amarelo. Entretanto, para a população negra e ou afro-brasileira, suas obras prestam um desastroso desserviço para assunção da identidade étnico-racial[i], assim como, por conseqüência, para a auto-estima[ii] desse povo – particularmente, para as crianças negras.
Heloisa Pires Lima, enfatiza que “a literatura infanto-juvenil apresenta-se como um filão de uma linguagem a ser conhecida, pois nela reconhecemos um lugar favorável ao desenvolvimento do conhecimento social e à construção de conceitos” (2005, p. 101). Mesmo tendo em consideração o momento na história em que foram concebidas tais obras, elas não deixam expressar “crenças e valores embutidos na nossa cultura literária a respeito da população negra”.(LIMA, 2005, p. 104).
Conseqüentemente, neste sentido, as obras de Monteiro Lobato retratam aquilo que as classes dominantes percebem, dentro de sua visão étno-eurocêntrica e judaíco-cristã, acerca da população negra. David Brookshaw, literato inglês, em seu livro Raça e Cor na Literatura Brasileira ratifica tal preocupação quando aponta, em estudo sobre as obras de Monteiro Lobato, o que se segue:O ataque duplamente cortante dirigido ao negro considerando-o de um lado um animal selvagem e, de outro, possuidor de certas qualidades infinita e convenientemente resignadas, não subversivas, é muito perceptível nos escritos do paulista sincero Monteiro Lobato. Em seu conto Bocatorta tem-se a descrição de um negro “fantasma” e ladrão de sepulturas em termos satânicos, ao passo que em O jardineiro Timóteo, o velho jardineiro simboliza a sensibilidade e, na verdade, os velhos valores coloniais do tempo do império (BROOKSHAW, 1983, p. 68).
Em outro momento, Brookshaw, alerta que:
A própria negrofobia de Monteiro Lobato deve ser atribuída, pelo menos em parte, ao fato de que era de São Paulo, uma cidade onde negros [...] eram minoria, e onde o racismo nos anos posteriores à Abolição era mais manifesto do que em qualquer outro lugar (1983 p. 69).
Enfatiza, que Monteiro Lobato: 
Simpatizava com o negro contanto que fosse selvagem, pois somente deste modo era autêntico. Em O Presidente Negro, descreve um imaginário líder negro americano, Jim Roy, como um pitoresco e levemente selvagem demagogo (1983, p. 71).
Finaliza, afirmando que: 
E por último, mas não menos importante, são as histórias para crianças de Monteiro Lobato, inspiradas no folclore afro-brasileiro, que retratam muito da vida nas velhas fazendas. Não se pode duvidar, embora quão charmosas essas histórias possam ser, que a visão do mundo antilógico da criança, contribuiu e reforçou, por gerações a fora, o estereótipo do negro como uma criatura fundamentalmente ilógica, para não ser levada a sério no mundo real do adulto (BROOKSHAW, 1983, p. 71).
Ana Célia da Silva, educadora, e militante do movimento negro, no seu livro Desconstruindo a Discriminação do Negro no Livro Didático, assevera que:
Uma ilustração da “Tia Nastácia” de perfil, assemelhada à ilustração do porco Rabicó, personagens de Monteiro Lobato (Ciranda do Saber, 2º série, p. 58) foi corrigida sugerindo-seque a expressão fisionômica da “Tia Nastácia” fosse humanizada, dissociando-a da figura do porco Rabicó (SILVA, 2003, p. 36-37).
Em Negrinha, observa-se desde a apresentação do livro um descuidado no trato com a questão racial que começa ao não se conseguir relacionar “expressões jocosas quando se referem a pessoas negras” ao preconceito racial. Há uma aparente boa vontade, contudo, o arremedo não vai além da visão obtusa permeada pela ideologia da “democracia racial” brasileira. O conto, por si só, ratifica todas as observações asseveradas através de inúmeros(as) críticos(as) da literatura de Monteiro Lobato e, para tanto, ressaltamos as que se seguem:
-          A personagem negra não tem nome;
-          Simboliza passividade/resignação doentia;
-          É repositório de epítetos e estereótipos negativos;
-          O ponto positivo de referência é etnocêntrico quando relacionado às crianças brancas; e,
-          O conto denota uma visão judaico-cristã;
-          O conto faz conexão ao significado da brincadeira[iii] , porém, dentro da visão etnocêntrica.
O conto Negrinha pode ser de grande utilidade para análise antropológica, pois contribui para a percepção dos etnocentrismos e suas ideologias subjacentes, assim como, revela um determinado contexto. 
REFERÊNCIA:
BROOKSHAW, David. Raça e Cor na literatura brasileira.  Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
BROUGÉRE, Gilles. Os brinquedos e a socialização da criança. In. ______. Brinquedo e cultura. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 61. (Coleção Questões da Nossa Época; v. 43)
LOBATO, Monteiro. Negrinha. Bauru, SP: EDUSC, 2000.
LIMA, Heloisa Pires. Personagens negros: um breve perfil na literatura infanto-juvenil. In. MUNAGA, Kabengele.(Org.) Superando o Racismo na Escola. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005, 101-115. 
      OGUNBIYI, Adomair O. Castelo e São Cristóvão: Comunidades Remanescentes de  Quilombo e suas respectivas Diásporas – uma experiência em identidade étnico-racial e   resiliência, no Maranhão. Apresentado no III Congresso de Pesquisadores Negros.  
UFMA, APN: São Luís, 2004, p. 10-12.                                                                                                                                          
SILVA, Ana Célia da. Desconstruindo a discriminação do negro no livro didático.  Salvador: EDUFBA, 2003.
Bi Olorun ba fe!
Adomair O. Ogunbiyi
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Quem paga a música escolhe a dança?
Marisa Lajolo [1]
“Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, está em pauta e é bom que esteja, pois é um livro maravilhoso . Narra as aventuras da turma do sítio de Dona Benta primeiro às voltas com a bicharada da floresta próxima  e, depois, com uma comissão do governo encarregada de caçar um rinoceronte fugido de um circo. Nos dois episódios prevalecem o respeito ao leitor, a visão crítica da realidade, o humor fino e inteligente.    Na primeira narrativa, a da caçada da onça, as armas das crianças são improvisadas e na hora agá  não funcionam. É apenas graças à esperteza e inventividade dos meninos que eles conseguem matar a onça e arrastá-la até a casa do sítio. A morte da onça provoca revolta nos bichos da floresta e eles planejam vingança numa assembléia muito divertida : felinos ferozes invadem o sítio e –de novo- é apenas graças à inventividade e esperteza das crianças ( particularmente de Emília) que as pessoas escapam de virar comida de onça.  Na segunda narrativa, a fuga de um rinoceronte de um circo e seu refúgio no sítio de dona Benta leva para lá a Comissão que o governo encarregou de lidar com a questão. Os moradores do sítio desmascaram a corrupção e o corpo mole da comissão, aliam-se ao animal cioso da liberdade conquistada e espantam seus proprietários. E, batizado Quindim, o  rinoceronte fica para sempre incorporado às aventuras dos picapauzinhos. Estas histórias constituem o enredo do livro que parecer recente do Conselho Nacional de Educação (CNE), a partir de denúncia recebida,   quer proibir de integrar  acervos com os quais programas governamentais compram livros para bibliotecas escolares . O CNE  acredita que o livro veicula conteúdo racista e preconceituoso e que os professores não têm competência para lidar com tais questões. Os argumentos que fundamentam as acusações de racismo e preconceito são  expressões pelas quais  Tia Nastácia é referida no livro, bem como a menção à África como lugar de origem de animais ferozes.
Sabe-se hoje que diferentes leitores interpretam um mesmo texto de maneiras diferentes. Uns podem morrer de medo de uma cena que outros acham engraçada. Alguns  podem sentir-se profundamente tocados por passagens que deixam outros impassíveis.  Para ficar num exemplo brasileiro já clássico, uns acham que Capitu ( D. Casmurro, Machado de Assis, 1900)   traiu mesmo o marido, e outros acham que não traiu, que o adultério foi fruto da mente de Bentinho.  Outros ainda acham que Bentinho é que namorou Escobar .. !
É um grande avanço nos estudos literários esta noção mais aberta do que se passa na cabeça do leitor quando seus olhos estão num livro. Ela se fundamenta no pressuposto segundo o qual, dependendo da vida que teve e que tem, daquilo em que acredita ou desacredita, da situação na qual lê o que lê, cada um entende uma história de um jeito.  Mas essa liberdade do leitor vive sofrendo atropelamentos. De vez em quando, educadores de todas as instâncias – da sala de aula ao Ministério de Educação-   manifestam desconfiança da capacidade de os leitores se posicionarem de forma correta  face ao que lêem .
Infelizmente, estamos vivendo um desses momentos.
Como os antigos diziam  que quem paga a música escolhe a dança, talvez se acredite hoje ser correto que  quem paga o livro escolha  a leitura que dele se vai fazer. A situação atual tem sua (triste) caricatura no lobo de Chapeuzinho Vermelho que não é mais abatido pelos caçadores, e pela dona Chica-ca que não mais atira um pau no gato-to. Muda-se o final da história e re-escreve-se a letra da música porque se  acredita que leitores e ouvintes sairão dos livros e das canções abatendo lobos e caindo de pau em bichanos . Trata-se de uma idéia pobre,  precária e incorreta que além de considerar as crianças como  tontas, desconsidera a função simbólica da cultura. Para ficar em um exemplo clássico, a psicanálise e os estudos literários ensinam que  a madrasta malvada de contos de fada não desenvolve hostilidade conta a nova mulher do papai, mas – ao contrário-  pode ajudar a criança a não se sentir muito culpada nos momentos em que odeia a mamãe, verdadeira ou adotiva...
Não deixa de ser curioso notar que esta pasteurização pretendida para os livros infantis e juvenis  coincide com o lamento geral  – de novo, da sala de aula ao Ministério da Educação—pela precariedade da leitura praticada na sociedade brasileira.    Mas, como quem tem caneta de assinar cheques e de encaminhar leis tem o poder de veto, ao invés de refletir e discutir,  a autoridade veta . E veta porque, no melhor dos casos e muitas vezes com a melhor das intenções,  estende suas reações a certos livros a um numeroso e anônimo universo de leitores  . . 
No caso deste veto a “Caçadas de Pedrinho”  ,   a Conselheira Relatora Nilma Lino Gomes  acolhe denúncia de Antonio Gomes da Costa Neto que entende como manifestação de preconceito e intolerância  de maneira mais específica a personagem feminina e negra Tia Anastácia e as referências aos personagens animais tais como urubu, macaco e feras africanas ;  (...) aponta menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano , que se repete em vários trechos do livro analisado   e exige da editora responsável pela publicação a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos na literatura. Independentemente do imenso  equívoco em que, de meu ponto de vista, incorrem o denunciante e o CNE que aprova por unanimidade o parecer da relatora, o episódio torna-se assustador pelo que endossa, anuncia e recomenda de patrulhamento da leitura na escola brasileira. A nota exigida  transforma livros em produtos de botica, que devem circular  acompanhados de bula com instruções de uso.  O que a nota exigida  deve explicar ?  o que significa esclarecer ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos na literatura  ? A quem deve a editora encomendar  a nota explicativa ?  Qual seria o conteúdo da nota solicitada ? A nota deve fazer uma auto-crítica ( autoral, editorial ? ) , assumindo que o livro contém estereótipos ? a nota deve informar ao leitor que “Caçadas de Pedrinho” é  um livro racista ?  Quem decidirá se a nota explicativa cumpre efetivamente o esclarecimento exigido pelo MEC? 
As questões poderiam se multiplicar. Mas não vale a pena. O panorama que a multiplicação das questões delineia é por demais sinistro .  Como fecho destas melancólicas maltraçadas aponte-se que qualquer nota no sentido solicitado – independente da denominação que venha a receber, do estilo em que seja redigida, e da autoria que assumir- será um desastre. Dará sinal verde para uma literatura autoritariamente auto-amordaçada.  E este modelito   da mordaça de agora talvez seja  mais pernicioso  do que a ostensiva queima de livros em praça  pública, número medonho mas que de vez em quando entra em cartaz na história desta nossa  Pátria amada idolatrada salve salve.  E salve-se quem puder ... pois desta vez  a censura não quer determinar apenas  o que se pode ou não se pode ler, mas é mais sutil, determinando como  se deve ler o que se lê  !

[1] Prof. Titular (aposentada) da UNICAMP; Prof. da Universidade Presbiteriana Mackenzie;  Pequisadora Senior do CNPq.; Organizadora ( com João Luís Ceccantini)  do livro  de Monteiro Lobato livro a livro (obra infantil) , obra que recebeu o Prêmio Jabuti 2010 como melhor livro de Não Ficção.   

  • João Toledo Não é muito perigoso admitir a hipótese de q alguém possa censurar um autor porque não gosta da fala de um personagem? Ai não é deixar a burrice se tornar ditadora, afinal o melhor texto contra o racismo ja escrito no Brasil é negrinha do Monteriro Lobato.

  • Maria Sylvia Toledo
    APRENDI MUITO COM AS FALAS DA EMÍLIA E OS BONDOSOS ENSINAMENTOS DA DONA BENTA, POIS ELA NOS FAZIA AMAR MUITO A TIA NASTÁCIA, SEU AMOR PELAS CRIANÇAS E SEUS DELICIOSOS BOLINHOS. ALÉM DA HUMANIDADE. MONTEIRO LOBATO NOS PASSAVA O CONHECIMENTO ...DOS VERDADEIROS PRINCÍPIOS E INFLUIU MUITO POSITIVAMENTE EM MINHA FORMAÇÃO.LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO, JÔ SOARES, E A MAIORIA DOS INTELECTUAIS DESTE PAÍS, RELATAM A IMPORTÂNCIA DE LOBATO EM SUAS VIDAS. NÃO ME PARECEM QUE ELES SE TORNARAM PRECONCEITUOSOS E RACISTAS, BEM AO CONTRÁRIO. SENHORES MEMBROS DO CONSELHO DE EDUCAÇÃO, AS CRIANÇAS QUE LEÊM LOBATO NÃO SÃO BURRAS....
    Ruth Souza Saleme Odila, o medo gera tantas coisas....será que ainda é mais fácil apagar a memória?Bjs
LENDAS NEGRAS PARA CRIANÇAS
http://companhiadashistorias.blogspot.com/2010/11/temporada-lendas-negras-para-criancas.html


terça-feira, 26 de outubro de 2010

AGORA,DEPOIS DA LUA CHEIA, UMA OUTRA LUA CHEIA



Campinas, 26 de novembro de 2010,
Gente amiga e querida de perto e de longe,
Gente que preparou o dia 22 de outubro;
Gente que tocou, cantou, dançou, falou ou foliou, e mais quem esteve presente de qualquer outra maneira,
Este é apenas um bilhete para dizer a vocês algo que valha como um...  VALEU!  Ou  como um “muito obrigado!” 
De todas as solenidades, homenagens, títulos e equivalentes, nenhuma aconteceu como a de nossa tarde e noite DE LUA CHEIA EM 22 DE OUTUBRO.
 Até mesmo a Lua Cheia apareceu. E vejam que ela veio contrariando o dito popular:  “Lua Cheia de Setembro trovejada, nove luas seguintes vêm molhadas”. Mas até choveu nas montanhas do Vale da Pedra Branca, na noite seguinte, ainda na “quadra da Cheia”.
Lembro de cara uma última cena. Já na hora de eu ir embora do Casarão, as Caixeiras da Guia e mais outras pessoas, entre caixas, palmas e violas, cantando e dançando em volta da fogueira acesa. No céu, uma enorme lua cheia de outubro.
Foi um evento feliz porque, como eu disse na minha fala (longa demais, eu sei),  a nossa “homenagem”  virou  um “encontro e, como um encontro, foi algo vivido entre pessoas e, não, com pessoas através de instituições.
Valeu pela alegria, pelos depoimentos de pessoas tão queridas como Rachel (e mais Regina (Tia Rê), Jôse e Têca, maestrinas da orquestra do que houve e aconteceu) , Emília (a mestranda que agora me dá aulas de antropologia), Régis (“João-Francisco Régis de Moraes... destes antes havia poucos, e agora, fora ele, nem tem mais!”), Padilha (educador sábio que ensina cantando com violão em punho) Severino Antônio (poeta de sábias palavras e longos silêncios), Marcos Sorrentino (batalhador do verde e da vida) e outras tantas  pessoas.
E tudo começando  com o “Hino do Sul de Minas”  e da ROSA DOS VENTOS, entre viola e violão de João Arruda e Fernando Guimarães (“A lua nasce no ventre de Minas/ entre colinas e quaresmais...”)  E a viola que faz os anjos dos céus pararem de cantar para Deus ouvir só ela,  de Ivan Vilela(“Ilivani Viola”, que me chama de “Capitão Barandão”). E mais o que houve de fala, canto e silêncio. E a felicidade de entrever uma vez mais diante de mim, gente que entre aulas e caminhos de arte e de pesquisa, atravessa minha vida desde a década dos anos sessenta. A começar por Maria Alice (julho de 1964).
E, quando ninguém esperava mais nada, aquela chegada da Folia de Santos Reis.
Vi gente à minha volta aos prantos. E vejam que  até hoje eu só tinha visto gente chorar em chegada de Santos Reis, nas festas de roça do povo! Eu, antigo aprendiz de “macho carioca”, fazendo força e mordendo os lábios para não cair no choro, mas com os olhos cheios de água.
E depois o casarão. O carinho de quem decorou cada pedaço daquele lugar bendito. E a comilança. E os cantorios. E o vídeo de arte e sensibilidade dos vários momentos do “Carlos”, a começar pela foto de um momento da escalada de conquista do Paredão Baden Powell, no “Irmão Maior do Leblon” em 1960, creiam!  Os toques de caixas das Caixeiras da Guias (não perder o novo CD delas). E mais aquele vídeo que a “turma de Minas” mandou de Belo Horizonte, com rostos queridos que vejo sempre aqui e ali, e rostos (Iizinho, Giza e outras gentes) que eu não via desde há tantos anos. E, não esquecer, o carinho com que Dete preparou a harmonia floral do ambiente, com  flores em arranjos de que ela é mestra, e pequenos vasos de ikebana  pra quem quiser levar pra casa.
Terei esquecido alguém  ou algo?
Assim sendo, pra quem veio e quem não veio, pra quem estava lá e pra quem (como Sueli Terezinha) mandou de longe mensagem coletiva de carinho e  arte, pra quem ouviu e sentiu, pra quem cantou e falou, tocou e dançou, floriu e cozinhou, pra quem organizou e quem curtiu, pra quem trouxe a Folia de Reis, pra quem é dela e encheu um solene salão de UNICAMP de música do povo e bênçãos de Santos Reis,  e pra quem naquela hora se tocou como eu, como nós... que fiquem aqui três despedidas de gratidão:  as bênçãos do  saber do povo, uma frase e Manoel de Barros, e uma lembrança de  Adélia Prado,
SANTOS REIS  AQUI CHEGOU
TOCANDO E CANTANDO  HINO,
QUE O SENHOR E SUA FAMÍLIA
TENHA AS BENÇÃOS DO DIVINO!
Cantorio tradicional de Companhias de Santos Reis
O MELHOR DE MIM SÃO OS OUTROS
Manuel de Barros
EU SEMPRE SONHO QUE UMA COISA GERA.
NUNCA NADA ESTÁ MORTO.
O QUE NÃO PARECE VIVO, ADUBA.
O QUE PARECE ESTÁTICO, ESPERA.
Adélia Prado
Estivemos junt@s!
Estamos junt@s!
Estejamos junt@s!”
Carlos Brandão
COMENTÁRIOS 
Angélica Cores ( da Argentina)
quetzalina disse...
a Patagonia tambem tuvo seu encontro mais solitario com a lua
BRANDAO, vc me da paz com seu casa da amizade
algum dia estarei con vc la parabens em seu aniversario Angélica 

Tia Rafaela!!!! disse...oi.....postei umas tarefas legais sobrehalloween vai lá ver.tô te esperando!!
xerinho da tia rafaela. 

http://tia-rafaela.blogspot.com/  
 Michele Meneses escreveu:
Cara Odila,Muito bom teu blog!Com certeza esses encontros engrandecem, rejuvenecem e nos dao forças a continuar na luta cotidiana, principalmente luta por melhorias da nossa sociedade.E o Brandao sera sempre o Brandao!!!! Adoro-o e o referencio muito quando escrevo sobre educaçao, imagino quanta troca de energia boa deve ter sido esse encontro.Um abraço apertado do extremo sul, Michele Meneses
ANDRÉ disse :
Fabuloso Brandão, lindo compartilhamento de gentes, povo, pessoas, amigos, humanos, alegrias e seres. Bonito relato seu. Boa descrição de um professor que antes de tudo é um amigo de todos, da vida, mas com nome de Antropólogo... Viva você e o compartilhamento da vida festada, cantada e descrita.